Lendas do Laerte X
Reza a Lenda que fomos pescar no rio Jordão, pela estrada de terra. O truco já estava marcado para a noite daquele sábado de abril de 1971. Fomos 6 pescadores no fusca do meu pai. Lá encontramos um amigo que tinha uma lavoura de milho e nos deu várias melancias. Adoramos os imensos presentes. Pescamos até as 17:00h e não tolerando mais os borrachudos, decidimos voltar com os lambaris já pescados. Eram só 11 km, mas demorava 20 minutos por causa de buracos, porteiras e colchetes, que são aquelas cercas móveis que se engancham em duas voltas de arame. Num daqueles buracos o carro quebrou e a roda caiu. Não tinha saída. A gente tinha que ir a pé e providenciar reboque. Começamos a andar, cada um com sua melancia no ombro. Já escurecendo, outro fusca, cheio de gente, passou em direção à ponte. Ele parou e uma ex-namorada do Laerte, que lhe provocava arrepios, desceu e começou a conversar com ele e nós continuamos andando. O Laerte tinha apanhado uma flor, como a da foto, para dar à namorada na cidade, mas na presença da ex, deu a ela e marcou um encontro. Uns 300 metros à frente, ninguém aguentava mais carregar as enormes melancias. Perto de um colchete meu pai viu uma baita jaracuçu. Com um pau executei a peçonhenta e ia jogá-la fora, quando me ocorreu um plano: - Sacanear o Laerte que vinha lá atrás. Tirei uma longa linha quase invisível do bornal, amarrei na cabeça da cobra morta e a outra ponta, amarrei no pau que usara para matá-la. Enrolei a cobra e a coloquei onde ele tinha que passar, deixando o pau ao alcance. Ficamos escondidos para ver a cena. Daí a pouco ele chegou. Ao abrir o colchete ele pisou na cobra, saltou por cima gritando e já catou o pau. Assim que o levantou a cobra veio junto. Ele pulava para trás e gritava “acode”, levantava o pau e a cobra amarrada acompanhava e quanto mais ele gritava, mais a gente ria. Quando desconfiou do trote, já estava sentado no chão com a cobra sobre as pernas. Tinha gente que chorava de rir. Ele passou emburrado sem dizer nada. Andou uns 10 metros e voltou. Foi procurar sua melancia que tinha caído e se arrebentado no chão. Novamente passou por nós e dessa vez ele disse: “Não estou com raiva não, mas pelo menos a melancia vocês me devem”. Cada um, rapidamente, colocou sua melancia na frente dele e continuamos nosso caminho. Ele pegou a maior e veio junto. Andou uns 200 metros, colocou a melancia no chão e disse: “Não dá mais não, amanhã venho buscar.” Chegamos em casa, jogamos o truco, comemos lambaris fritos, com cerveja gelada, rimos muito da aventura e comemos a galinhada que a tia Fia cozinhou. Já eram 5:00h da manhã e fomos, de caminhão, buscar o fusca. As melancias e a roda quebrada já não estavam mais lá.
Reza a Lenda que fomos pescar no rio Jordão, pela estrada de terra. O truco já estava marcado para a noite daquele sábado de abril de 1971. Fomos 6 pescadores no fusca do meu pai. Lá encontramos um amigo que tinha uma lavoura de milho e nos deu várias melancias. Adoramos os imensos presentes. Pescamos até as 17:00h e não tolerando mais os borrachudos, decidimos voltar com os lambaris já pescados. Eram só 11 km, mas demorava 20 minutos por causa de buracos, porteiras e colchetes, que são aquelas cercas móveis que se engancham em duas voltas de arame. Num daqueles buracos o carro quebrou e a roda caiu. Não tinha saída. A gente tinha que ir a pé e providenciar reboque. Começamos a andar, cada um com sua melancia no ombro. Já escurecendo, outro fusca, cheio de gente, passou em direção à ponte. Ele parou e uma ex-namorada do Laerte, que lhe provocava arrepios, desceu e começou a conversar com ele e nós continuamos andando. O Laerte tinha apanhado uma flor, como a da foto, para dar à namorada na cidade, mas na presença da ex, deu a ela e marcou um encontro. Uns 300 metros à frente, ninguém aguentava mais carregar as enormes melancias. Perto de um colchete meu pai viu uma baita jaracuçu. Com um pau executei a peçonhenta e ia jogá-la fora, quando me ocorreu um plano: - Sacanear o Laerte que vinha lá atrás. Tirei uma longa linha quase invisível do bornal, amarrei na cabeça da cobra morta e a outra ponta, amarrei no pau que usara para matá-la. Enrolei a cobra e a coloquei onde ele tinha que passar, deixando o pau ao alcance. Ficamos escondidos para ver a cena. Daí a pouco ele chegou. Ao abrir o colchete ele pisou na cobra, saltou por cima gritando e já catou o pau. Assim que o levantou a cobra veio junto. Ele pulava para trás e gritava “acode”, levantava o pau e a cobra amarrada acompanhava e quanto mais ele gritava, mais a gente ria. Quando desconfiou do trote, já estava sentado no chão com a cobra sobre as pernas. Tinha gente que chorava de rir. Ele passou emburrado sem dizer nada. Andou uns 10 metros e voltou. Foi procurar sua melancia que tinha caído e se arrebentado no chão. Novamente passou por nós e dessa vez ele disse: “Não estou com raiva não, mas pelo menos a melancia vocês me devem”. Cada um, rapidamente, colocou sua melancia na frente dele e continuamos nosso caminho. Ele pegou a maior e veio junto. Andou uns 200 metros, colocou a melancia no chão e disse: “Não dá mais não, amanhã venho buscar.” Chegamos em casa, jogamos o truco, comemos lambaris fritos, com cerveja gelada, rimos muito da aventura e comemos a galinhada que a tia Fia cozinhou. Já eram 5:00h da manhã e fomos, de caminhão, buscar o fusca. As melancias e a roda quebrada já não estavam mais lá.