Tuesday, November 10, 2009

Araguaia - Aragarças - Pontal - Barra do Garças - Ouro Fino

     Sexta-feira, chegando de Araguari, preparando a tralha, expectativa no ar ansiando por água. Muita água do Araguaia e Garças. Mas antes muito asfalto. Para ser mais exato 603 km ainda nos separavam do sonho líquido. Garantindo o grande estilo, partimos às 15:00 h no Toyota automático, hidramático, primeiro mundo do Alcides. Não antes de o Neres aumentar nossa angústia com hora e meia de atraso. Ótimo. Deu-nos mais munição para chateá-lo. E que viagem agradável. Pilotei a máquina até Iporá. A perna esquerda sempre procurando a inexistente embreagem. Até que saindo de Goiânia, ela conseguiu levar o pé a pisar abruptamente no freio e um senhor idoso quase nos aborda com sua proa em nossa popa. Muito educado ele, limitou-se a nos saudar com dedo médio em riste como se desejando boa pescaria com as varas. Lei seca! Fomos secos! Após 5 horas estávamos em Iporá GO. Recebemos autorização para beber umas cervejinhas, somente eu e o Alcides, pois o barbeiro do Neres seria o motorista até Aragarças.                                               Duas horas depois, já nas barrancas da ecológica divisa entre Goiás e Mato Grosso degustamos nosso primeiro cachara frito, logo identificado como abotoado e dissimulado com o epíteto de armal.  Algumas cervejas, muito cansaço, pouco espaço, perfume de tênis suado, roncos, sonhos e muita chuva. Café da manhã, compras no supermercado, travessia para o Mato Grosso: Aragarças, Pontal, Barra do Garças e Ouro Fino.
 Finalmente o pesqueiro.              Primeiro acesso para reconhecimento. Já fiz o primeiro bonito do dia: pesquei o primeiro jurupecém. Sou bom mesmo! Depois pegamos vários até que chegasse o cardume de candirus. Primo crescido daquele candiru invasor de interiores humanos lá da Amazônia. Pegamos uns 100 deles. Alguns de 600 gr. Muita cerveja, muito whisky, muita cachaça e 4 garrafas de vinho tinto seco de ótima procedência. Já de posse das douradas, jurupecéns, mandis e outros, passamos à gastronomia.   Elaborei uma obra de arte em forma de arroz colorido com açafrão, temperado com alho e cebola. Neres fritou peixe, Tião, pau d’água, fez um molho de pacus e Alcides providenciou o molho para a dourada assada. Mais cerveja e vinho. O Sr. José nos fez uma visita e batemos um longo papo.     Armamos a barraca do Alcides dentro do Pavilhão do Neres e montamos as redes.                              Nessa hora fomos visitados por uma respeitável lacraia com aquelas quelíceras expostas, centenas de pernas e aspecto ameaçador. Nada amistosa.


      Única solução para um pileque dionisíaco é um sono de Morfeu. Louvei Baco e caí na rede. Dormi até as 05:00 h e ouvi um dos companheiros chamando um tal de Huuuuugo que eu nem sabia quem era mas que devia ser surdo pois o companheiro o chamava sem parar e ele não atendia.
Depois de medicado esse valoroso pescador conseguiu reagir e sobreviver, jurando que nunca mais beberia nada de álcool na vida, promessa que durou até 11:15 h quando tudo começou de novo.
       Pescamos mais. Água turva, poucos peixes mas, novamente, dei um show de competência.     Voaram o sábado, o domingo e a segunda. Hora de ir embora.  Antes aconteceu o festival de apelidos: Chaves, Holtelino Tloca Letra, Boca Murcha, Pé-de-Mulata, Mula Coiceira, Pinóquio, Zorêia e Pau d’água, foram as alcunhas que dedicamos aos nosso vizinhos e pirangueiros.

      Por causa do Neres, voltamos na terça-feira de manhã. Saímos de Araguarças às 06:00 h e chegamos no Jerivá às 10:30 h para um café reforçado e em Brasília, no Guará, às 13:00 h com corpos cansados e mentes renovadas.   Novos amizades foram construídas, dando sequência ao processo de renovação. As velhas amizades foram revistas e  chanceladas, garantindo sua perpetuação. Muito álcool foi utilizado no tanque do carro e para espantar a gripe suína. Na volta já planejávamos outra ída.

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