Sunday, August 18, 2013

Lendas do Laerte VII
Reza a lenda que
Em janeiro de 1980, num sábado, um vizinho que encontrou uma vaca de nossa propriedade atolada em uma grota na divisa de sua fazenda telefonou para o meu pai em Araguari informando e resolvemos ir lá.    O Laerte sugeriu e transferimos o truco para lá. Fomos em dois carros, na Belina  meu pai, meu irmão, meu tio Rui e eu. Outros três no velho Dodge Dart do Laerte.     A mulher do peão começou a fazer a galinhada.  A mesa de truco já estava armada e a cervejas na geladeira esperando.  A ideia era tirar a vaca e trazê-la para o curral, reidratá-la e começar a jogar.  Já eram umas 17:30h e descemos lá para a grota. Uns 8 homens.  A rês estava afundada na lama até o pescoço. Dois entraram para cavar em volta, colocar o laço e os outros fazendo força puxando para fora do atoleiro. Depois de uma meia hora, todo mundo sujo, conseguimos tirá-la de lá.  Meu pai, se afastou, ficando a uns 30 metros, pois sabia que ela ia investir quando estivesse livre. Os outros em volta fazendo força para ela levantar. De repente ela se levantou e partiu com tudo, no rumo do meu pai.  Atrás dele tinha uma grota profunda. A vaca chegou até ele e com uma cabeçada o atirou dentro da grota.  Ao cair ele quebrou a perna esquerda com fratura exposta.   Meu irmão correu em casa trouxe um coxão de molas e desceram a grota para resgatar o Sr. Joaquim Chaves. Colocaram-no sobre o coxão e subiram de volta. Quando descansaram o coxão no chão, ele foi posto sobre uma caixa de marimbondos.  Foi um alvoroço. Era gente dando tapas nas orelhas, na nuca, nos braços, correndo para os lados e deixaram meu pai lá. Ele não foi picado nenhuma vez. Os mais corajosos voltaram lá e o resgataram. Andaram até a cerca de arame farpado e colocaram o coxão no chão. Sobre outra caixa de marimbondos. Aí sobrou pra todo mundo. A cabeça do Laerte parecia uma moranga de tão inchada.  Buscaram alicates, cortaram o arame e colocamos meu pai no carro e voltamos para a cidade. No hospital, o médico presente examinou, ponderou e disse que pela idade avançada e a gravidade da fratura não tinha solução. Teria que amputar a perna. Foi um clima dos piores. Tudo mundo de cara inchada, parecendo japonês e ainda aquela notícia. Buscamos a ajuda do Dr.Luiz Cláudio Sardela.  Ao examinar, ele disse: “deixa comigo que eu resolvo essa questão.”  Levou meu pai para a sala de cirurgia e praticamente montou o quebra-cabeças com ossos estilhaçados, parafusando-os a uma barra de platina com numerosos parafusos. Devemos a ele a dedicação e o empenho com que tratou de meu pai, que depois de uns seis meses voltou a andar normalmente.  Dr. Luiz Cláudio Sardela, pessoa competentíssima e valorosa.  Quem mais tomou ferroadas dos marimbondos foi o Laerte. No dia seguinte ele foi ao hospital visitar meu pai e disse: “Quase que não entro em casa ontem. Minha mulher não me reconheceu.”

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