Monday, August 19, 2013

REZA A LENDA QUE EM ARAGUARI ... A MARIA FUMAÇA funcionava com uma caldeira longa e robusta com ¾ de água e uma fornalha a lenha ou carvão, alimentada pelo foguista, que aquecia a água a mais de 100 graus, produzindo vapor, movendo enormes pistões que, em vai e vem, faziam girar as rodas de ferro sobre os trilhos. A certa distância percorrida parava e reabastecia de lenha e água em locais prepar...ados para tal fim. O foguista, coberto de fuligem e o maquinista, de boné, conduziam a composição (locomotiva e vagões), O Chefe de Trem usava uniforme impecável. Ironicamente o depósito de lenha e carvão, anexo à locomotiva, chamava-se “TENDER” (Carinhoso em Inglês), ser foguista era lenha. No final dos anos 1950 chegaram as locomotivas a diesel e as Maria fumaças passaram só a manobrar vagões. Em 1958/59 ao viajarmos de trem de ferro, o ritual era o mesmo: Chamar o Sr. Civi ou o Sr. José Telha, do ponto Chic de táxis e descarregar as malas na plataforma da Estação Goiás. No guichê, tinha uma janelinha que abria como guilhotina e o vendedor entregava a passagem, um cartãozinho verde que seria perfurado pelo cobrador. O trem de passageiros dava um apito, um arranco e se punha a percorrer toda a extensão da Av. Btl Mauá, onde eram os trilhos, passando pelo Desamparo e só parava lá em Stevenson. Uns passageiros desciam outros subiam. Lá vendiam coxinhas, quibes e café quente. Abasteciam o reservatório da caldeira com água e prosseguiam até a Estação Jiló, embarque e desembarque. Se houve passageiro, parava em Sobradinho. O grande viaduto só seria construído nos anos 70. Quando a composição fazia curvas, corriam para fechar as janelinhas de vidro para impedir que minúsculas brasas que saiam junto com a fumaça pela chaminé, entrassem e fizessem pequeninos buracos nas camisas dos passageiros. Os bancos dos vagões de primeira eram estofados, os de segunda eram de madeira. A viagem era de mais ou menos 3 horas do embarque ao desembarque. O Vagão Restaurante era o paraíso. Nos anos 70 algumas variáveis contribuíram para acabar com o sonho: o lobby dos pneus e caminhões, a privatização da RFFSA e o asfalto. O gado era transportado por carretas e as BRs foram totalmente asfaltadas. O Trem de Aço que fazia o percurso de São Paulo a Brasília passando por Araguari pontualmente à meia noite, foi perdendo seu encanto e eficiência. As estações Goiás e Mogiana foram desativadas, a Escola Profissional liderada pelo Sr. João Coimbra, que formou tantos torneiros e marceneiros foi fechada. Por um tempo ainda era possível tomar um trem de passageiros na nova estação e matar a saudade, depois também isso foi encerrado. Hoje temos déficit de transportes, temos a capacidade instalada e nada é ativado. Isso ainda me entristece.See more
— at MARIA FUMAÇA ESTACIONADA EM FRENTE AO HOSPITAL DOS FERROVIÁRIOS EM ARAGUARI-foto André Luiz Chaves.

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